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Padrões de utilização do Serviço de Urgência

Uma análise interativa dos dados da ULS Coimbra (2022-2023)

1. A pressão é crónica, não uma crise sazonal

O volume de episódios de urgência é significativo, com cerca de 270 mil episódios anuais e uma variação mínima de -1.7% entre 2023 e 2022, o que exige soluções proativas e sistémicas, não reativas.

Total Visitas 2022/23
578K
Variação vs 2022
-1.7%

2. Padrões de visita

A grande maioria das visitas não corresponde a emergências que colocam a vida em risco. Cerca de 83% dos episódios (excluindo "Outros Casos") são classificados com as cores "Amarelo" (Urgente) ou "Verde" (Pouco Urgente). Este padrão demonstra que, na prática, o SU assume muitas vezes as funções de prestador de cuidados de saúde de baixa e média complexidade.

Visitas "Amarelo" + "Verde"
83.4%
(% do total de cores Manchester)

3. A "porta aberta": resposta fora de horas e padrões etários

Um total de 43.7% de todas as admissões ocorre "Fora de Horas" (noites e fins de semana), demonstrando a dependência do sistema nesta única porta sempre aberta.


Padrão etário bimodal no Serviço de Urgência

O uso do SU revela dois perfis distintos: jovens (<= 18) com utilização elevada mas pouco grave, idosos com utilização estável e de elevada complexidade clínica

Volume de Doentes (2023)

Jovens (≤18): 15.5k doentes

Idosos (≥65): 27.5k doentes

Perfil de Triagem (Acuídade)

Jovens: >90% Verde/Azul (uso leve e episódico)

Idosos: Maioria Amarelo/Laranja/Vermelho (uso complexo)

4. Impacto desproporcional: Os "High-Users"

Os "High-Users" (>= 4 visitas por ano) representam apenas 8% do total dos pacientes, mas são responsáveis por mais de 26% de todas as visitas ao SU, requerendo assim estratégias eficazes focadas neste grupo.

Distribuição de DOENTES (2023)

Distribuição de VISITAS (Total)

5. Classificação de Manchester como fator de gravidade

Doentes triados como urgentes (Vermelho, Laranja, Amarelo) têm uma probabilidade de internamento quase 5 vezes superior à de um doente não urgente (Verde, Azul).

Probabilidade de Internamento (Urgente vs. Não Urgente)

Taxa de conversão: 15.3% (Urgentes) vs. 3.2% (Não Urgentes)


O valor da triagem é ainda mais eficaz nos grupos de risco

Entre os idosos (≥65 anos) e os "High-Users" (≥4 visitas/ano), essa taxa de internamento (para casos urgentes) sobe para acima de 20%, identificando os doentes que exigem mais recursos.

Taxa de Internamento em Grupos de Risco (Casos Urgentes)


A gravidade antecipa o tempo de permanência

Além disso, quanto mais grave o caso, maior o tempo de permanência, mostrando que a triagem antecipa eficazmente o peso assistencial e o consumo de recursos de cada episódio.

Mediana de Permanência no SU (por Gravidade)

6. Tempos de espera: da triagem à permanência total

Embora a mediana seja boa, 17% dos doentes (quase 1 em 5) espera mais de 30 minutos para ser triado.

Mediana (Admissão-Triagem)
14 min
Percentil 90
39 min
Doentes > 30 min
17%

A mediana de permanência é de 3h16. No entanto, mais de um terço (36.5%) dos pacientes fica mais de 5 horas, e 14% excede as 12 horas.

Mediana (Total SU)
3h 16m
(196 min)
Doentes > 5 horas
36.5%
Doentes > 12 horas
13.9%

7. Readmissões pós-alta do SU (A "Porta Giratória")

A taxa de readmissão a 7 dias para um "High-User" é de 26.5%, mais do dobro da média geral (11.4%). Mesmo em apenas 72 horas, 14.5% destes doentes regressam ao Serviço de Urgência — um valor mais do que duas vezes superior à média global (6.3%). Este ciclo de regressos repetidos pode sinalizar uma falha na gestão contínua da doença crónica na comunidade.

Readmissão a 7 dias

Readmissão a 72 horas